
Especial Nômade Digital | 2. Redefinições
Foi em 2021, meses após um burnout, que parti para com a intenção de “arejar a cabeça” por um tempo. A decisão não teve um nome na época, nada como “agora serei nômade digital”. Eu só fiz as malas, entreguei o apê de São Paulo e me mudei para Aracaju.
Agora, depois de um ano e meio na estrada (e contando) e 9 cidades depois, diminuí o ritmo. As pessoas começaram a me perguntar “por onde você anda agora?” e “qual o próximo destino?” Eu não tenho essas respostas e, nas últimas semanas, isso começou a me um certo grau de ansiedade. Aquele pensamento tipo “que tipo de nômade eu sou?” Mas existe só um jeito de ser nômade? A resposta eu descobri com a minha própria experiência e também com os relatos de outras viajantes que conheci ao longo dos últimos meses.
Percebi que a definição de “nômade digital” não estava funcionando para mim. Pelo menos não a definição que diz que os nômades digitais são pessoas que estão constantemente viajando, sem folga em casa um parente ou um amigo às vezes. E o que estou fazendo este ano é, basicamente, fazer longas pausas em cada cidade. Alguns meses com algum amigo, mais alguns na casa dos meus pais, outros meses viajando para novos lugares.
Virei uma nômade digital em meio período, acho que posso chamar assim 🙂
E essa definição me deixa muito mais tranquila. Não sei se vou viajar muito nos próximos anos ou alugar um apê por vários meses, mas só de saber que posso viver outras cidades enquanto trabalho já traz paz e liberdade.
O que quero dizer aqui é que, apesar da definição bastante específica que eu dei no primeiro post da série Nômade Digital, não tem regras para adotar este estilo de vida. Viajar um ano e passar os próximos 3 meses sem sair de casa para descansar, fazer pausas, a quantidade de tempo que você vai ficar em cada lugar: nada disso importa muito.
Para ilustrar, vou contar para vocês a história de duas brasileiras que conheci nos últimos meses e também se descrevem como nômades digitais.
Gabriela é gaúcha e se mudou para a Europa para passar um ano. Ela tem cidadania italiana, então não precisou de preocupar com o período. Para passar esse tempo, a Gabi escolheu 3 cidades, para viver 4 meses em cada uma. Nesse período, absorveu a cultura, a gastronomia e a história de cada local. Quando a conheci, logo que ela voltou para o Brasil, a Gabi ressaltou as experiências vividas, os novos idiomas que aprendeu um pouco e as conexões feitas com moradores locais. Ela chegou a fazer cursos livres de fim de semana e conheceu muita gente. Essa imersão profunda fez com que a Gabi não se sentisse turista, mas residente de cada uma das cidades que viveu.
Já a Thalita optou por uma jornada pela América Latina, morando apenas um mês em cada país (ela escolhia entre a capital ou uma cidade que ouviu falar muito bem). Ou seja, ela vai morar em doze cidades ao longo desse ano. Nesse percurso, ela está focando em explorar ao máximo as riquezas culturais, paisagens e as tradições únicas de cada país. É muito menos tempo em cada lugar se compararmos com a viagem da Gabi, mas ela também me contou sobre conexões com pessoas locais e aventurar de tirar o fôlego.
Ou seja, não existe jeito certo de ser nômade! Ambos os relatos deixam ainda mais clara a variedade de possibilidades que o estilo de vida do nômade digital oferece.

